sábado, 14 de outubro de 2017

Tv Cultura já foi de Assis Chateaubriand

Resultado de imagem para Tv CulturaA Tv Cultura comemorou em junho deste ano os seus 48 anos no ar. Porém, o que muitos não sabem é que a TV Cultura tem 57 anos de vida e que, por nove anos, o dono dessa emissora era nada mais nada menos que Assis Chateaubriand, o homem que trouxe a televisão ao Brasil.

Tudo começa em 1958, quando o Diários Associados, um dos maiores conglomerados de mídia do Brasil, ganham a permissão de transmitirem uma nova programação no canal 2 de São Paulo.

A ideia de Chateaubriand era criar uma televisão educativa, inspirada nas emissoras públicas estrangeiras: BBC da Inglaterra e a PBS dos Estados Unidos.

O processo de criação da emissora levou dois anos, indo ao ar somente em setembro de 1960, com pouca divulgação.

As instalações do canal 2 ficavam no Edifício Guilherme Guinle, na região central de São Paulo, o mesmo prédio que abrigou a TV Tupi no início de suas transmissões.

Os funcionários da Cultura vinham da TV Tupi, assim como a antena de transmissão, que ficava no alto da torre do antigo Banespa, também no centro de São Paulo.

Nessa época, a emissora trazia programas educativos, mas também de apelo popular: o apresentador Jacinto Figueira Junior, criou na Cultura, o Homem do Sapato Branco, o primeiro programa popular da emissora. Algo que, hoje em dia, jamais seria exibido. 



Os apresentadores Ney Gonçalves Dias, Xênia Bier, Fausto Rocha entre outros faziam parte do casting da tv.

Um incêndio, em 1965, destruiu boa parte dos estúdios da Cultura, fazendo com que grande parte dos registros dessa época se transformasse em cinzas.

O grupo Diários Associados começou a entrar em decadência e cuidar de duas emissoras virou um desafio imenso para um grupo quebrado. Assim, a Cultura, que seria uma emissora educativa, transmitia programas popularescos sem viés algum para a educação.

Com todos os problemas e a incompetência dos administradores, o grupo entrega o canal 2 ao governo de São Paulo em 1968, que acaba saindo do ar. Na época, o governador do estado de São Paulo, Abreu Sodré, criou a Fundação Padre Anchieta - Centro Paulista de Rádio e Televisão. Houve uma polêmica grande, muitos foram contra o governo controlar uma emissora de televisão e como a fundação foi criada.

Até uma CPI foi criada, mas não foi para a frente, pois a emissora seguia a Lei Estadual 9849, que autorizava o Poder Executivo a criar uma entidade que promovesse atividades culturais e educativas por meio de radio e televisão.

E assim, em junho de 1969, entrava no ar a nova TV2 Cultura, que trazia a esperança dos intelectuais em trazer uma televisão de fato educativa. 

E para os militares, um instrumento para difundir uma imagem positiva do Brasil de norte a sul e propagar o "Milagre Econômico" da ditadura militar.

Anos após ano, a Cultura mostrou a qualidade na televisão, inovando no jornalismo, na dramaturgia e principalmente nos programas infantis, falando com a criança de forma inteligente e direta. Não foi à toa que a emissora ganhou vários prêmios pelo mundo, inclusive o Emmy.

Mas a crise sempre ronda o Canal 2, muitas vezes funcionários entraram em greve reclamando de salários atrasados e direitos trabalhistas deixados de lado. Programas saíram do ar, substituídos por reprises e enlatados.

A torcida do telespectador é que essa TV Cultura, de 48 anos idade, siga firme e forte, não repetindo o fracasso da primeira TV Cultura, no longínquo ano de 1968.Mas em setembro do ano passado a emissora andou tendo problemas e até entrou em greve,leia matéria de 

07/09/2016 

*Leia baixo:  

TV Cultura

Funcionários da TV Cultura decidem entrar em greve em 07/09/2016...  exigem o reajuste dos salários de radialistas, congelados desde maio de 2014, com aumento real de 3%. E pelo mesmo índice dos vencimentos dos jornalistas, congelados desde de dezembro de 2013. Pedem ainda abono de um salário a ser pago a partir de janeiro de 2016. Além de escala de folga e de trabalho com no mínimo um mês de antecedência.

O Sindicato dos Radialistas do Estado de São Paulo negocia com a Fundação Padre Anchieta, desde junho, mas as conversas não avançaram.

Em nota, a fundação disse respeitar a decisão dos funcionários radialistas e jornalistas:
“A direção vem mantendo constantes negociações junto aos órgãos governamentais, no sentido de conseguir melhorias em benefício de seus colaboradores. No último mês, a FPA teve autorização junto ao Conselho de Defesa dos Capitais do Estado (CODEC) para reajustar o vale-refeição de seus colaboradores, com recursos próprios.
Todas as providências necessárias para manter as atividades administrativas e as emissoras no ar estão sendo tomadas pela instituição, que permanece aberta ao diálogo com os sindicatos e colaboradores.”
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A televisão criou alguns dos principais programas de debates de temas nacionais, como o Roda Viva e o Opinião Nacional, constituiu núcleos de referência na produção de programas infantis, como o Rá-tim-bum, e na de musicais, como o Fábrica do Som, Ensaio e o Viola, Minha Viola, dando espaço também à difusão de curtas-metragens, com o Zoom. As emissoras se tornaram um patrimônio da população paulista.

Contudo, nos últimos anos, a TV e as rádios Cultura estão passando por um processo de desmonte e terceirização da programação, com a degradação de seu caráter público e da sua qualidade. Vários programas de referência da emissora foram extintos, como Zoom, Grandes Momentos do Esporte, Vitrine, Cocoricó e Bem Brasil. Outros tantos sofreram risco de extinção, como o Manos e Minas e, mais recentemente, há a ameaça de acabar com o Viola Minha Viola, líder de audiência da emissora, e o Provocações. Além disso, o premiado Quintal da Cultura perderá a participação dos artistas e será reestruturado para ser apenas o espaço de veiculação de desenhos animados. 

Esse processo vem acompanhado de demissões em massa e de precarização das relações de trabalho, tanto na TV quanto nas rádios, com estrangulamento da equipe de jornalismo e radialismo; enfraquecimento da produção própria de conteúdo, inclusive dos infantis; entrega, sem critérios públicos, de horários na programação para meios de comunicação privados, como a Folha de S.Paulo; sucateamento da cenografia, da marcenaria, de maquinaria e efeitos, além do setor de transportes. O mais recente ataque à estrutura da TV foi a retirada do seu sinal das antenas parabólicas, excluindo 30 milhões de pessoas de acesso ao canal.




Não é de hoje que a TV Cultura, de São Paulo, está em situação preocupante.

Agora, o Governo de São Paulo tomou uma medida que deve acabar com a emissora, como informa o jornalista Flávio Ricco. Trata-se de uma determinação que proíbe a contratação de funcionários pela CLT, só estagiários.

Não podendo reforçar seus quadros com mão de obra especializada, o caminho natural é pelo fim da emissora, que irá acontecer aos poucos.
Consultada, a Cultura informou ao jornalista que “o Decreto nº 61.466, publicado na Secretaria de Governo em 2 de setembro de 2015 e mantido no exercício de 2016 e 2017, veda quaisquer contratações em instituições ligadas ao governo, não se limitando à TV Cultura”.

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